cochinchina
... (ou lá perto) em 100 dias. porque afinal a cochinchina existe.
04 janeiro, 2007
"sim eu sei..."
começou a passar a fase de negação. temos andado a fingir que ainda não chegámos, que ainda não estamos cá... mas é altura de tirar a cabeça debaixo da areia e, quando o que nos resta "...são recordações" mais vale aproveitar para as partilhar, até porque a curiosidade e interesse manifestados a isso obrigam! como as dúvidas sobre a nossa viagem tendem mais ou menos para as mesmas questões, revelo aqui alguns factos que espero que venham a contribuir para desmistificar receios ou preconceitos totalmente infundados de quem julga que a Ásia está demasiado "longe".

como é voltar?

o primeiro contacto com Portugal deu-se ainda no avião ao ler o jornal. durante a viagem fiz questão de me manter “desinformada” e ao que parece, não perdi nada já que os únicos acontecimentos “relevantes” dos últimos tempos são: 1. ela, Carolina, disse que Pinto da Costa dá traques e isso fez dela uma celebridade 2. o Salazar é, pelo melhor ou pelo pior, um dos Grandes Portugueses 3. a Floribella é ainda maior do que o Salazar.

depois, vem o estado psicótico das primeiras noites, a acordar a julgar que é tudo um pesadelo (..que é dia de ir trabalhar ... que as férias acabaram ... que a aventura chegou ao fim) para depois perceber que “..é a vida”.

como é fácil adivinhar, se não fossem as saudades dos amigos, pais, manas (e pouco mais) e, evidentemente, o capital envolvido, a reacção imediata é querer regressar ao "3º mundo" ou nem sequer ter de lá saído.

e agora vais fazer o quê?

pensar na forma de arranjar tempo e dinheiro para a próxima viagem.

como são esses países?

é impossível, no tempo e paciência disponíveis, dizer tudo o que há para dizer. vou limitar-me a uma breve amostra de alguns factores que (n)os unem ou que (n)os separam:

... em Portugal há turistas. na Ásia há viajantes;

... todos os países que visitámos têm uma Mónica Sintra e um Fernando Rocha. a grande vantagem é que lá, não percebemos o que eles dizem;

... há bares em Phnom Pen (Cambodja), HCMC (Vietnam), Pai (Tailândia) ou Vang Vien (Laos), que passam a mesma música que o Incógnito nas noites boas. a maioria, tal como cá, passa qualquer música que passe num bar qualquer;

... numa pequena cidade do Cambodja ou do Vietnam, é possível encontrar praticamente os mesmos produtos que no pingo doce. são grandes excepções o sabão em barra, os produtos para depilação (um tema recorrente mas não uma obsessão) e o queijo (além do la vache qui rit). Destes, o queijo é o único que faz realmente falta;

... Portugal e a Tailândia estão em situação de risco sísmico, mas na Tailândia vimos planos de evacuação de emergência. qualquer ilhota tem sinalética indicando o que se deve fazer e para onde se deve ir em caso de Tsunami;

... é mais difícil encontrar em Lisboa um restaurante sofisticado, elegante, extremamente bem decorado e com um atendimento excelente, do que em qualquer cidade de qualquer país da Ásia. abstenho-me de comentar os preços;

... hotéis/pensões idem aspas. raramente ficámos em quartos com qualidade inferior à de uma residencial de 3 estrelas e foi porque recusamos pagar mais de 12 euros (!!que fortuna!!) por um quarto duplo ou porque às vezes o rústico tem mais charme;

... vários empreendimentos turísticos, hotéis, pequenos bares/restaurantes, empresas de trecking ou mergulho são geridos por holandeses, alemães, escandinavos. a quase totalidade dos clientes destes serviços vêm dos mesmos países. isto traduz-se em determinadas situações, em serviços surpreendentemente organizados, eficientes...;

... há sempre quem trate de tudo por uma modesta quantia;

... todos os países têm empresas de transporte privadas com autocarros VIP/ar condicionado. na Tailândia, os bancos desses autocarros são mais confortáveis do que os da classe económica da british airways, já em Myanmar, são parecidos à carreira da rodoviária nacional (nada fora dos horizonte de aceitação de um português, portanto);

... em qualquer lugar é possível alugar a um custo acessível um carro com motorista. para os mais audaciosos ou contidos financeiramente, os autocarros com mais de 30 anos e com os consequentes problemas de motor estão sempre disponíveis. nesse caso, o condutor tem, geralmente, excelentes conhecimentos de mecânica e os passageiros levam galinhas;

...tanto os autocarros VIP como os que levam galinhas têm um leitor de DVD.

... esse leitor de DVD passa a “Mónica Sintra” em conchichinês, o “Fernando Rocha” em conchichinês, os Boyzone ou os Black Eyed Peas em conchichinês e legendas para karaoke ou um filme do Jackie Chan em chinês;

... uma acelera pode (eu vi!) transportar 5 pessoas;

... uma acelera também pode transportar 1 vaca ou 4 porcos ou 42 galinhas ou 130 couves (além do condutor e da mulher dele);

... no Cambodja um taxi só arranca quando tiver 8 passageiros. Para quem não se submete a desconforto(s) desta natureza, a questão pode ser facilmente resolvida mediante o pagamento de uns dólares extra;

... os dólares extra resolvem praticamente todo o tipo de problemas, que quase nunca surgem;

... o galo canta ao nascer do sol, mesmo quando está dentro do night bus;

... os outros 16 galos que vão no night bus respondem e o processo dura uma boa meia hora;

... lá é o Buda que está em toda a parte;

... as barraquinhas de rua que vendem panquecas de banana ou de feijão doce, sticky rice com doce de ovo, docinhos de côco, espetadas grelhadas, crepes estaladiços de camarão, sumo de melancia, maçarocas, banana frita e mais uma infinidade de petiscos deliciosos também estão em toda a parte;

... as barraquinhas que vendem grilos, lagartas, aranhas e gafanhotos fritos, são menos frequentes;

... vou voltar, só ainda não sei quando.
2 Comments:
Blogger Tabaleao said...
Se"... as barraquinhas que vendem grilos, lagartas, aranhas e gafanhotos fritos, são menos frequentes", pffff, tamaim na queroir la fazere nada TOMA!!!

E vais lá voltar de certeza quando me fores visitar e à Jo à Austrália :P

Blogger PJ said...
Só quem passou pelo mesmo compreende verdadeiramente as tuas respostas a "e agora vais fazer o quê?" e "como são esses países?".
Também eu "... vou voltar, só ainda não sei quando."
Entretanto, talvez nos cruzemos no Incognito.